Línfomania - Oh Sr. Doutôra e boas noticias, não há?
E então a especialidade que se segue é a “Hematologia”, aqui não soaram os alarmes porque o cúmplice desde o primeiro diagnostico tinha perfeita noção de que por aqui ia passar, a esperança na altura é que uma cirurgia e meia dúzia de tratamentos pudesse resolver o assunto, mas assim não foi e então vamos lá a especialidade que já não nos deixa qualquer dúvida, a partir deste momento somos doentes oncológicos.
“A Hematologia cruza-se com praticamente todas as especialidades médicas e cirúrgicas, dado que a abordagem multidisciplinar do cancro é fundamental para um melhor prognóstico da doença. A Hematologia presta todos os tratamentos farmacológicos como a Quimioterapia, Imunoterapia e Terapêuticas Dirigidas, e também recorre a Radioterapia.”
E é nesta parte que a bagagem que trago de outras experiências me dá percepção suficiente para perceber o que ai vinha, então esta é uma boa altura para redefinir planos e ideias, um longo caminho nos espera onde as respostas serão bem menos que as dúvidas, que irão sempre persistir, onde a forma silenciosa como tudo se ira desenrolar, nos deixará demasiado ansiosos se assim o deixarmos, onde se poderá notar evolução física e aparente que nos fará dar gritos de contentamento, mas onde demasiadas coisas não se poderão ver se estão bem ou mal, e saber esperar calmamente será uma grande virtude.
Tudo isso tem que se levar em conta, e o mais importante, independentemente dos tratamentos que aí vierem, termos noção que de hoje em diante quem irá mandar será o nosso corpo, e tudo o que pudermos fazer ou não, irá depender dele, ou seja cabeça bem limpa, preparar nos da melhor forma para as noticias que se seguem, basicamente resumiria numa frase “Não é a doença e o seu processo, que se vai adaptar a nossa vida, é a nossa vida que vai ter que se adaptar a ela”, e acreditem tudo se adapta, não posso é fazer spoiler.
Vamos lá então conhecer a doutora M., e aqui posso fazer um pouco de spoiler, a doutora ainda hoje, sempre que me vê sair daquele consultório, deve ir a correr, arranjar maneira de pedir reforma antecipada, só para não ter que levar comigo, mas prontos foi a sorte que lhe calhou não foi doutora? (como sei que ela vai ler, na próxima consulta já levo com laxantes a fazer de comprimidos para uma qualquer patologia não identificada)
E esta consulta de 16 de Outubro foi muito simples e resume-se:
"O cúmplice sabe porque está aqui, as opções de tratamento serão radioterapia ou quimioterapia, ou mesmo ambos, os efeitos desses tratamentos não são dos mais agradáveis, mas são a possível cura e a solução que temos, agora vamos fazer os tais exames para definir quais os procedimentos, reunir e em breve voltamos a falar."
Foi tão simples quanto isso, porque não se precisa de divagar muito mais nestas situações, não existe muita mais informações que se possa dar, desde o porquê do linfoma ter aparecido, ao que pode acontecer com os tratamentos, ou seja cada individuo irá experiênciar um processo diferente, duas pessoas com exactamente o mesmo cancro, podem ter processos completamente diferentes, sintomatologia, efeitos colaterais, evolução da doença, aceitação do corpo aos fármacos que serão usados.
Por isso minha gente, sem filmes, sem drama nem horror, vamos lá ver o que se segue, paz e tranquilidade é o que se quer por estes dias, noticias boas ainda não havia desta vez.
Cenas dos próximos capítulos: “Radio ga ga, radio goo goo”
Nota: como sei que estavam com saudades minhas por não dizer nada por estes dias, tomem lá um relato comprido que hoje é domingo e têm tempo para ler.