Línfomania - O andarilho, as gargalhadas e o espanto
Cá estamos então na segunda semana do primeiro ciclo, altura em que se toma as famosas injecções, como disse no post anterior, sobre tudo se tinha discutido quanto a possíveis efeitos secundários, menos sobre a possibilidade de estas ditas darem qualquer tipo de dor ou desconforto.
E chegado a quarta feira uma pequena dor fez-se sentir no fundo das costas, o que durante a tarde não passava de um ligeiro desconforto, iria se tornar um pequeno pesadelo pela noite dentro, ao ponto de me bloquear totalmente a zona da bacia, dai a famosa alusão ao andarilho preso as pernas, ora nem sentado, deitado, aninhado ou mesmo ao comprido, qualquer posição era uma mera forma de aliviar o desconforto por breves minutos.
E se quis dedicar um post a esta situação em exclusivo, é porque ela vai abranger muitas partes que acho essenciais falar.
As dúvidas e as incertezas: Ao longo deste processo elas vão ser mais do que muitas, por mais preparados que estejamos, elas sempre existirão, um bem-estar matinal não garante um dia sem problemas, tudo pode mudar de forma muito rápida, de hoje em diante devemos dar toda a atenção ao nosso corpo, e deixar que seja ele a definir o que podemos e devemos fazer, todo este processo será muito lento e bastante exigente a nível físico pelas razões óbvias, por isso desde cedo teremos que ter isso em atenção, ninguém poderá prever o dia de amanhã, nem a ciência nem a medicina, por isso estar preparado física e mentalmente é fundamental.
A auto-medicação e consulta de informação: Se a auto-medicação é por si só um hábito que nunca deveríamos ter, neste tipo de doenças e com este tipo de tratamentos, os cuidados devem ser redobrados, as contra-indicações são muitas, e queremos tudo menos coisas que podemos perfeitamente evitar.
A consulta de informação merece todo o cuidado, tal como insisto em relembrar que toda esta aventura sobre o meu processo pessoal serve de exemplo naquilo que foi e será a minha experiência pessoal, estes relatos da mesma não tencionam ser uma qualquer receita milagrosa para seja quem for e nem a internet o será disso vos garanto. Podemos encontrar informação que nos prepare para isto e aquilo e nada de mal tem nisso, desde que não deixemos que essa informação esteja acima daquela que podemos obter pelo pessoal medico, enfermeiros e mesmo auxiliares ao nosso dispor, e eles melhor que ninguém com todo o nosso histórico medico, saberão como nos tirar duvidas ou aconselhar.
Dito isto, quarta feira a noite e eu com um desconforto terrível e como nada se tinha mencionado sobre este possível efeito, um sem fim de dúvidas e receios invadiram-me, pois, porque eu também os tenho por mais positivo que eu possa ser e por mais que eu pudesse pensar estar preparado, e no momento o meu maior receio , era esse ser um qualquer efeito colateral da doença ou do tratamento, e o outro era, e agora o que faço? auto medicar-me estava fora de questão. Em suma não sabia sequer o que fazer para poder aliviar o desconforto e a dor.
Tempo para fazer alguma pesquisa básica, e por incrível que pareça nada acerca desse efeito que eu estava a sentir, nem um único apontamento, dai ligar para a linha Saúde 24, e de tão ridículo que foi, nem me vou dar ao trabalho de perder muito tempo com isso, a menina limitava se a perguntar se eu tinha febre e para tomar “ben uron” a ver se isso passava, e se não passasse para voltar a ligar.
Pois bem, serve isso para lembrar, que a febre é o nosso pior inimigo nesta batalha, e desde logo fui avisado, qualquer temperatura anormal, deveria de imediato dirigir-me a um hospital, o famoso “ben uron”, a minha médica pediu para evita-lo a todo o custo neste início de processo e pelo simples facto que a toma do mesmo poderia disfarçar uma febre que não sendo identificada o seu porquê poderia trazer graves problemas e/ou consequências, perceberam agora o ridículo da coisa?
Já estamos perto das três de manha de quinta feira e decidi mandar sms a um familiar meu, para que assim que acordasse me viesse buscar e levar a urgência do hospital de dia no porto, nos entretanto voltei as pesquisas e depois de muita e elaborada procura, lá encontrei uma tese sobre um problema idêntico ao meu, na qual havia uma conclusão sobre que tipo de medicamentos eram recomendados nestes casos, pois é, e o do topo da lista, estava ali na minha mesinha de cabeceira, irónico não é, fartei me de o tomar por causa do nervo axilar.
O único problema do mesmo, é que sendo de efeito prolongado, demora o seu tempo a fazer efeito, de qualquer forma segui para o hospital e la fui atendido na urgência
Ao expor o meu caso levei com dois sorrisos enormes e a frase que saiu da boca dos médicos foi, “mas isso é óptimo se teve essa reacção, é sinal que as injecções tiveram o efeito desejado” para de seguida dizerem “tomou a medicação de apoio certo (os tais comprimidos)?”
Ao que respondi “não, não sabia o que tomar”
Os sorrisos desapareceram e passou a caras bastante fechadas de espanto, e lá se percebeu o grande imbróglio que isto tinha sido, o comprimido era o tal da pesquisa, teria dado jeito saber disso antes, mas pronto, é porque tinha que ser assim, e sinceramente por mais mal que eu me sentisse naquele momento, com o ainda desconforto, foi um alívio saber naquele momento, que era algo normal, nessas longas horas muito me passou pela cabeça.
O resto, é eu a vir embora com um andar jeitoso, e uma cara de parvo todo feliz, o problema continuava a ser o mesmo, não havia novidades, e isso para mim, nesse momento, bastava para me deixar bastante feliz.
E sim, a terceira semana e as analises confirmaram isso, defesas recuperadas, tudo pronto para o segundo ciclo, uns dias de descanso e lá vamos para mais uma rodada.
Cenas dos próximos capítulos: “o lounge, os anjinhos e a sorte que temos”
Nota: isto de resumir não está a ser nada fácil, desculpem qualquer coisinha, que eu vou ver se me desculpo a mim próprio por me ter metido nesta alhada.