Línfomania - Dita por não dita, lá se vai a dita, e agora?
E finalmente chegamos ao dia dezoito de junho de dois mil e vinte e quatro, e sim escrevo bem por extenso porque este dia até merece que me dê ao trabalho de ver algumas efemérides deste dia, ora em 1815 foi o dia em que o Napoleão teve que abdicar do trono pela segunda e ultima vez na famosa batalha de Waterloo, em 1942 nasce o paul McCartney e em 2010 foi o dia da morte de José Saramago , então e vamos lá aparvalhar um bocado a coisa, pois eu neste famoso dia vou me sentir, qual Duque Wellington, qual quê, que vence mais uma batalha contras as tropas da dita cuja, afinal a primeira tinha sido a radioterapia, será que vai desta ? o Paulinho leva me até a música, sem duvida parte fundamental em todo este processo, quem se cruzou por mim entre viagens, salas de esperas e tratamentos, ter me a visto sempre com musica nos ouvidos, e por ultimo o José, que para alem de ser um escritor que eu sempre admirei, lembra me o quanto para mim foi importante não perder a inspiração ao longo de todo esse processo.
Posto isso, dia então de ir receber os tais resultados do exame, engraçado que neste dia não sentia qualquer tipo de ansiedade sinceramente, já andava muito tranquilo por esta altura, mesmo sendo todo esse processo algo muito silencioso e no qual fora as aparências físicas, pouca resposta temos a nível da doença, o facto de que dentro do possível tudo se foi ultrapassando, tinha a perfeita consciência do que aquilo que estava ao meu alcance fiz, e por isso os resultado fosse qual fosse, já não dependia exclusivamente de mim.
Chegado ao consultório a pergunta então boas notícias?
- Só boas notícias, melhor do que isso não poderia ter corrido.
E é aqui minha gente que nos sai das costas trezentas e setenta mil toneladas de peso e uns trocos, que é para nem exagerar muito, nem sei bem como a mochila aguentou com tanto peso, mas o que é certo, é que ali naquele momento em que ainda tinha tantas perguntas a fazer sobre o que seria depois, lá me aguentei nas euforias.
Só quem me acompanhou de perto e aos quais nunca terei palavras para agradecer, sabem que mesmo com esta atitude positiva, com esta forma aparvalhada de encarar a coisas, pois foi aquilo que sempre fiz e que sempre irei fazer, a aventura que ainda não terminou foi muito longa e teve alguns momentos que só me apetecia dizer asneiras, e diga se que até as disse, tão bom mandar uma dita cuja dar uma volta ao bilhar grande, ou um nervo axilar ir a benda e não trazer o troco, que aos gânglios já nem sei bem para que terra os mandei.
Resumindo segunda etapa desta aventura concluída com sucesso, por esta altura a linfomaniaca da dita cuja, não mostrava indícios de se passear pelo meu corpo Danone, como diria a minha médica foi com uma perna as costas, cof cof cof, que a perna pesava uns kilos valentes.
Então e agora?
Por entre várias consultas analises e exames, para se ver os danos colaterais entre outras coisas, vamos passar a terceira parte deste processo, o transplante autologo de células tronco, um procedimento que desde do início desta fase da quimioterapia foi posto sobre a mesa, mas que nunca mencionei, para não barafustar esta coisa toda, e muito sinceramente até esta precisa altura, nunca pensei demasiado nisso, uma coisa de cada vez, que bem ou mal, muita coisa poderia mudar.
Por isso agora vários destes exames e consultas vão incidir também sobre a minha condição para poder ou não fazer um transplante que neste caso é das minhas próprias células.
Falaremos disso tudo no próximo episodio, por esta altura sai do consultório leve levezinho, “porra pá que bela lição deste ao raio da dita cuja, vamos lá a modos que festejar, mas poupa te moço, que esse corpinho Danone e esses neurónios X.p.t.o de edição limitada precisam de descanso.”
Cenas dos próximos capítulos: “Teste, um, dois, colheitas e aguenta coração”
Nota: Mais um episodio e chegamos aos dias de hoje, prometo que seja muito em breve e resumirei toda esta fase pré transplante que ao dia de hoje está para muito breve.