Hoje foi assim - Hoje apetece me fazer anos
Hoje apetece-me fazer anos, pois é, uma coisa que raramente me apetece fazer, mesmo que só se faça uma vez por ano, que posso dizer nunca liguei patavina a isso de anos se fazer, é chato quando as pessoas insistem em dizer-te e lembrar que estas a ficar velho, obviamente estou a brincar, mas pronto, de parabéns, estamos todos os dias e isso não é num qualquer sentido literário, é porque é mesmo assim.
Mas hoje apetece-me fazer anos, e não é por causa de ter acumulado uma meia centena de anos e uns trocos, uns quantos cabelos brancos armados em parvos ou mesmo uns neurónios a ficar no ponto crocante da coisa.
Apetece-me, mais do que tudo festejar este último ano que passou, talvez o primeiro ano da minha existência que me devo lembrar dos seus 365 dias, e de algumas noites também, um ano que me permitiu desafiar-me a mim mesmo, e se na minha cabeça existia muita teoria, um ano que me permitiu e obrigou entre aspas a passar tudo para a prática. Porque ah e tal isto é tudo muito giro dito ou escrito, mas na prática minha gente, tem muito que se lhe diga.
Um ano em que percebi que o tempo é aquilo que quisermos fazer dele, passe ele rápido, passe ele muito devagar, um ano em que entendi que podemos nem ter tudo o que queremos, mas na maioria das vezes temos mais do que aquilo que precisamos, um ano que percebi o significado de a vida te por a prova, te desafiar e te obrigar a andar da perna, mesmo que não tenhas vontade para a aturar.
Poderia ter sido de outra forma? Poderia sim, mas no meu caso a vida decidiu aparvalhar e a mim nada mais restou, do que me deixar levar nessa parvoíce que decidiu fazer parte da minha vida.
Um ano de dias intermináveis, de esperas, de dúvidas, de incertezas, de acordar de manhã sem fazer a mínima ideia de como seria a tarde, em que a volatilidade entre o bem e o estar menos bem, era uma constante.
Em que uma simples ida ao café a 50 metros de casa, requeria um estudo completo de engenharia física e biológica, com duas paragens pelo meio, ou até descer as escadas e ter que voltar para casa, porque afinal ainda há 5 minutos atrás parecia que dava, mas agora não dá mesmo.
Um testar de paciência que nunca imaginei ter, um total abrandar em literalmente tudo o que é o nosso dia a dia.
Um dia a dia sem planos e repleto de tempo livre, um reinventar de hábitos e costumes, uma introspecção que jamais me passaria pela cabeça fazer, o resto é o que pelo “linfomania” que ainda vai no mês de Março se vai contando, e mesmo que isto seja uma espécie de spoiler que a data assim o merece.
Hoje 12 de Setembro de 2024 apetece-me fazer anos por que este ano foi do caraças e neste ano decidi que quem tem que aparvalhar sou eu e a minha maneira, e não uma doença qualquer que a vida tinha reservado para mim.
Hoje foi assim, apeteceu me fazer anos,já ontem me apeteceu e pelo andar da carruagem, amanhã e depois não se safam, para o ano já não prometo que me apeteça.