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"Estas & outras Cumplicidades"

"Estas & outras Cumplicidades"

Línfomania - Teste, um, dois, colheitas e aguenta coração

12.11.24, cumplicedotempo

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Então vamos la dar uma corridinha até os dias de hoje, estamos por esta altura no final do mês de junho e entre vários exames necessários para saber o estado aqui do corpinho Danone do cúmplice, e perceber como aguentou isto da aventura, serão necessários uns exames complementares para a colheita de células, já em preparação para o possível transplante.

Transplante esse que irá depender do estado das coisas, sim, porque isso dos transplantes ainda tem muito que se lhe diga, mas já falamos sobre isso.

Pelos exames que se foi fazendo pós quimioterapia , os resultados foram ótimos, o corpo e os órgãos aguentaram-se bem, e não há nada com que se preocupar, pelos menos para já, estas já eram boas noticias, é certo e sabido que alguns órgãos gostam pouco daquelas misturas explosivas que nos são injetadas, e por isso todos os cuidados tidos ao longo deste processo são fundamentais, e entre alguns órgãos, os rins e fígado por norma são aqueles que mais sofrem (lembram-se daquela parte de ingerir muito líquidos, pois é ajuda e muito).

Para a colheita de células, entre os vários exames, vou destacar um, o mielograma

“O mielograma é a punção aspirativa da medula óssea, um exame que tem como objetivo verificar o funcionamento pela análise das células sanguíneas produzidas. É realizado para diagnosticar cânceres como linfoma, mieloma e leucemia.”

No meu caso em particular serve para verificar a qualidade das células para a colheita e logo que se obteve os resultados, a colheita ficou desde logo agendada para a segunda semana de julho, mas não foi por isso que quis destacar este exame, mas pelo facto de talvez ser a coisa mais chata que se possa fazer, o mielograma é basicamente espetar uma agulha bem grossa no fundo das costas e depois andar ali com ela a raspar num osso, com sensação e som tudo em direto e a cores, se levamos anestesia ?  levamos, mas o desconforto esse ninguém o tira, mas pronto, é rápido e convém que seja feito logo a primeira tentativa, assim esquece-se a coisa, que aquilo não lembra a ninguém, cruz credo!

Exame feito, e mais um para perceber o estado das veias para a colheita de células e vamos lá ao internamento ou devo dizer mais uma bela aventura.

O processo da colheita de células para transplante é chamado de Aférese.

“Aférese refere-se ao processo de separar os componentes celulares e solúveis do sangue utilizando uma máquina. “

E lá estava eu na dita Segunda feira preparado para consulta e internamento, que seria suposto ser de dois dias máximo, e digo suposto porque obviamente cá o cúmplice sai-lhe sempre a rifa, mas pronto depois de ter experienciado toda a situação diria que dois dias seria quase impossível, ou tudo teria que correr demasiado bem.

Esse internamento deve-se em grande parte pela necessidade de colocar um cateter, no meu caso na perna direita para ter acesso a veias maiores, para que o procedimento possa ser feito ao ritmo desejado.

Segunda feira consulta logo pela manhã, tudo pronto para o internamento, “ah, mas oh cúmplice pera aí, não temos quarto…”

Vamos la esperar então até ao fim da tarde a ver se arranjamos um poiso, e lá se conseguiu, de seguida e mal deu para ver as vistas, já eu estava a colocar o cateter que me iria prender a perna nos próximos dias, já estava a ver a coisa malparada, perna esticada gente, nem para andar, nem para dormir, nem para outras coisas básicas que nem vou aqui citar.

A colheita em si, espetacularmente, espetacular, 4 horas de perna esticada e barriga para o ar, em que a gente não se pode mexer e nem fazer aquelas tais coisas básicas, ou fazer até faz, mas com toda aquela parafernália de coisas que não lembram a ninguém. E como nestas coisas, de coisas que até não são muito agradáveis eu cá sou um sortudo, voltamos a repetir no dia a seguir, pelos vistos a primeira tentativa faltou um danoninho.

Resumindo, 4 dias no hospital, porque obvio depois ainda teve que se tirar aquela coisa da perna, e mais uns bons dias em casa de perna esticada, com medo que a cratera na perna abrisse, porque isso do cateter fez um buraco jeitoso, mas pronto uma espécie de supercola, um peso em cima e a coisa la foi ao sítio.

Colheita de células feita e tudo dentro dos parâmetros desejados, faltavam agora uns últimos exames para ver a viabilidade de um transplante neste corpinho da marca de iogurtes que já sabem qual é.

Pneumologia, tudo ok pelo menos para isso do transplante, só faltava mesmo o coração, e esse jeitoso diz que não gostou disso de andar com o corpo as trambolhões e das abanadelas que levou, e isto vai nos levar a exames e mais exames, uma consulta de cardiologia, e vamos voar até o mês de outubro, porque com isso dos transplantes não se brinca, e só estando tudo ok, se pode mesmo realizar.

Cenas dos próximos capítulos: “A despedida não é o fim, pelo contrário, é o começo de uma nova aventura.”

Nota: já so falta um testamento, pelo menos para já, não, isto não é spoiler, que isto das aventuras linfomaniacas não tem datas de fecho.