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"Estas & outras Cumplicidades"

"Estas & outras Cumplicidades"

Línfomania - Dita por não dita, lá se vai a dita, e agora?

20.10.24, cumplicedotempo

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E finalmente chegamos ao dia dezoito de junho de dois mil e vinte e quatro, e sim escrevo bem por extenso porque este dia até merece que me dê ao trabalho de ver algumas efemérides deste dia, ora em 1815 foi o dia em que o Napoleão teve que abdicar do trono pela segunda e ultima vez na famosa batalha de Waterloo, em 1942 nasce o paul McCartney e em 2010 foi o dia da morte de José Saramago , então e vamos lá aparvalhar um bocado a coisa, pois eu neste famoso dia vou me sentir, qual  Duque Wellington, qual quê, que vence mais uma batalha contras as tropas da dita cuja, afinal a primeira tinha sido a radioterapia, será que vai desta ? o Paulinho leva me até a música, sem duvida parte fundamental em todo este processo, quem se cruzou por mim entre viagens, salas de esperas e tratamentos, ter me a visto sempre com musica nos ouvidos, e por ultimo o José, que para alem de ser um escritor que eu sempre admirei, lembra me o quanto para mim foi importante não perder a inspiração ao longo de todo esse processo.

Posto isso, dia então de ir receber os tais resultados do exame, engraçado que neste dia não sentia qualquer tipo de ansiedade sinceramente, já andava muito tranquilo por esta altura, mesmo sendo todo esse processo algo muito silencioso e no qual fora as aparências físicas, pouca resposta temos a nível da doença, o facto de que dentro do possível tudo se foi ultrapassando, tinha a perfeita consciência do que aquilo que estava ao meu alcance fiz, e por isso os resultado fosse qual fosse, já não dependia exclusivamente de mim.

Chegado ao consultório a pergunta então boas notícias?

- Só boas notícias, melhor do que isso não poderia ter corrido.

E é aqui minha gente que nos sai das costas trezentas e setenta mil toneladas de peso e uns trocos, que é para nem exagerar muito, nem sei bem como a mochila aguentou com tanto peso, mas o que é certo, é que ali naquele momento em que ainda tinha tantas perguntas a fazer sobre o que seria depois, lá me aguentei nas euforias.

Só quem me acompanhou de perto e aos quais nunca terei palavras para agradecer, sabem que mesmo com esta atitude positiva, com esta forma aparvalhada de encarar a coisas, pois foi aquilo que sempre fiz e que sempre irei fazer, a aventura que ainda não terminou foi muito longa e teve alguns momentos que só me apetecia dizer asneiras, e diga se que até as disse, tão bom mandar uma dita cuja dar uma volta ao bilhar grande, ou um nervo axilar ir a benda e não trazer o troco, que aos gânglios já nem sei bem para que terra os mandei.

Resumindo segunda etapa desta aventura concluída com sucesso, por esta altura a linfomaniaca da dita cuja, não mostrava indícios de se passear pelo meu corpo Danone, como diria a minha médica foi com uma perna as costas, cof cof cof, que a perna pesava uns kilos valentes.

Então e agora?

Por entre várias consultas analises e exames, para se ver os danos colaterais entre outras coisas, vamos passar a terceira parte deste processo, o transplante autologo de células tronco, um procedimento que desde do início desta fase da quimioterapia foi posto sobre a mesa, mas que nunca mencionei, para não barafustar esta coisa toda, e muito sinceramente até esta precisa altura, nunca pensei demasiado nisso, uma coisa de cada vez, que bem ou mal, muita coisa poderia mudar.

Por isso agora vários destes exames e consultas vão incidir também sobre a minha condição para poder ou não fazer um transplante que neste caso é das minhas próprias células.

Falaremos disso tudo no próximo episodio, por esta altura sai do consultório leve levezinho, “porra pá que bela lição deste ao raio da dita cuja, vamos lá a modos que festejar, mas poupa te moço, que esse corpinho Danone e esses neurónios X.p.t.o de edição limitada precisam de descanso.”

Cenas dos próximos capítulos: “Teste, um, dois, colheitas e aguenta coração”

Nota: Mais um episodio e chegamos aos dias de hoje, prometo que seja muito em breve e resumirei toda esta fase pré transplante que ao dia de hoje está para muito breve.

Línfomania - Que eu era doce sabia, agora a este nível é que não.

06.10.24, cumplicedotempo

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Então vamos lá ver, se despachamos isto de meter químicos cá no corpinho do cúmplice, e mais um vez despachar dois ciclos num só post, o quinto e o sexto e ultimo (é verdade o ultimo yuppppiiii) , e vocês perguntam, mas o homem agora ficou com pressa, que já nos quer despachar, nada disso minha gente, e eu já passo a explicar.

Antes disso, uma pequena alteração apareceu numa das análises que por esta altura se fez, então não é que aqui o cúmplice de belo e esbelto corpo Danone que por esta altura mais parecia um embalagem de iogurte liquido de uma qualquer marca duvidosa, ainda foi ficar doce demais, sim leram bem doce, tal era é quantidade de açucares que lhe andava pelo corpo, ok tudo bem, que apesar deste aspecto duvidoso, não tenha deixado de espalhar charme as colheres, mas calma , tanta doçura, eu que nem comer os ditos podia por causa das securas.

A parva da glicemia apeteceu lhe juntar se a festa, pelos vistos foi convidada pela dona cortisona, e por este corpo já andava tanto açúcar que agora percebo porque as criancinhas olhavam tanto para mim, devia estar já no ponto rebuçado (nahh, era mesmo por parecer um nenuco, acho eu!)

Obviamente e agora mais a sério, foi desde logo preciso tomar providencias, por entre chamadas, médicas em rebuliço e o cúmplice com uma calma danada, decidiu-se que enquanto continuasse a tomar a dita cortisona no início de cada ciclo, teria que tomar medicação para diabetes, a partida, e visto que os meus níveis antes quimioterapia eram normais, seria algo fácil de controlar e se nada ocorresse fora de normal, tudo voltaria ao que era, oh pá, quem já toma um dúzia, toma mais dois ou três, siga e umas picadelas nos dedos três vezes ao  dia para medir os níveis da dita glicemia, também não chateia, é só chato mesmo, a ver no que isto dá. 

Vamos então a estes ciclos finais, estamos já no mês de maio, o quinto será logo no início e o último na última semana deste mesmo mês, e o que a partida me ia minimamente preocupando, como já falei antes era que o desgaste do corpo, cada vez fosse mais custoso, ora ai é que está, para meu espanto este quinto ciclo não teve qualquer efeitos secundário e até vou repetir, nadica de nada, lembro-me só chegar a consulta da ultima semana, a médica perguntar como sempre como tinha corrido o ciclo, e eu dizer “oh Sr doutora eu juro que tomei tudo certinho, mas os raios dos comprimidos não fizeram efeito nenhum cá no cúmplice “

Ora analises óptimas, a glicemia a aparvalhar nos dias da cortisona, mas tudo normal vamos lá ao sexto ciclo, que tu estás como novo, e já cheio de moral com estas últimas três semanas passadas, e só por causa das tretas até vais fazer o último tratamento num cadeirão, e nunca mais te vais esquecer daquele ar condicionado por cima da tua cabeça que marcava 22º.

Ora o que me havia de acontecer neste último e penoso ciclo, uma constipação, anda um tipo todo partido, corpo mole, boca seca e ainda leva com uma espécie de constipação e pingo no nariz, se era para ser chato, sei lá oh pá um pézinho de atleta, um furúnculo no meio das vistas ou sei lá o quê, teria sido bem menos custoso, assim foi um suplicio, a coisa prolongou se pelas três semanas sem fim a vista, mas pronto a coisa queria se despedir de mim com pompa e circunstância, porque eu, até juro que nem foguetes atirei no fim do quinto, nada mesmo.

Ainda nesta última semana, vamos fazer o exame PET final, o tal exame que fiz várias vezes nesta aventura e que vai dizer se esta coisa toda, correu bem ou mal, o tal que estamos num túnel uma carrada de tempo sem nos poder mexer e sequer molhar a boca, pois é pela experiência que tive anteriores, e com os sintomas que tinha neste momento parecia me completamente impossível fazer, não aguentaria nem 5 minutos na tal máquina só que ...

Desta vez, este exame iria ser realizado no Hospital São João, la fui eu cheio de medo, era tosse, era secura e só pensava como vou fazer aquilo, e quero tanto faze-lo, afinal vem aí o veredicto final da coisa. Pois é minha gente e eu sou um sortudo do raio, oh se sou, embora com protocolos diferentes que não vou para aqui enumerar, a máquina em questão do exame é uma versão muito mais moderna que as anteriores, túnel curtíssimo e duração do exame feita de forma muito mais célere só o facto de não estar dentro de um túnel e estar numa posição bem mais confortável ajudou bastante, e a duração entre cada passagem era mesmo no limite que aguentava com a secura da boca, a necessidade de repetir o exame que me obrigou a estar lá mais umas horas, já nem problema foi , queria era, esta coisa feita, e fiz.

Estamos no dia 12 de Junho, próxima consulta dia 18 e finalmente vamos saber se a dita cuja ainda anda por aqui, ou se finalmente foi mandada para um sítio que o meu bom senso e educação não me permite escrever aqui, não é por nada, mas a dita cuja foi peganhenta, raio da moça.

Bem eu vou ali curar a constipação e na próxima vez já vamos ver se podemos concluir esta segunda fase desta aventura

Cenas dos próximos capítulos “Dita por não dita, lá se vai a dita, e agora?”

Nota: este texto esta aparvalhado de forma consciente, só eu sei o quanto andava farto por esta altura de aturar a dita cuja, desculpem qualquer coisinha, mas foram avisados do aparvalhar da coisa.