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"Estas & outras Cumplicidades"

"Estas & outras Cumplicidades"

Línfomania - Ano velho, Ano novo, desafios, sempre os mesmos.

23.06.24, cumplicedotempo

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Ano Velho: Pelo decorrer das sessões, cedo se percebeu que a dita cuja estava a passar um mau bocado, aquela coisa da radiação, queima mesmo e por entre carradas de “Biafine” e outros cremes, que devemos chegar a pele como se não houvesse amanhã, para evitar o deterioramento da mesma, a dita lá foi definhando, mas algo não batia certo com os gânglios, e nem mesmo o nervo axilar parecia querer acalmar demasiado, por esta altura ainda andava eu a tomar comprimidos para aliviar dores, e como se não bastasse alguns convidados decidiram aparecer para as festas de fim de ano suponho eu.

Novas lesões, agora abaixo do ombro, e sendo que a radioterapia não incidia sobre esse sítio, o cúmplice desde cedo percebeu, que algo estava errado, e para juntar a tudo isso, pequenas zonas junto ao peito de normais comichões, iam agora tornar-se lesões ao mínimo toque ou simples coçar, por mais ligeiro que fosse.

Entre poucas respostas por parte dos médicos, lá se foi fazendo as sessões programadas e chegamos assim ao fim do ano, com poucas dúvidas, afinal nem eram necessárias, a resposta estava na pele.

Ano Novo: O cúmplice que tanto se preocupou em não constipar ao longo do mês de dezembro, e teve o seu desejo concedido.

Para não se esticar muito nisso de desejar coisas boas, teve direito a uma gripe de inicio de ano, ora toma três dias de cama, aposto que foi a Dita cuja que mandou os seus capangas darem me cabo do corpo, porque sinceramente parecia que tinha sido atropelado por dois camiões um atras do outro, ao bater no chão passou me uma camioneta por cima e como se não bastasse ainda levei com um tuk tuk nas bentas, mas pronto, la se recuperou da coisa.

A tempo de ver novas lesões aparecer pelo corpo, as primas ou irmãs da dita, la se foram instalando, se uma escolheu o antebraço esquerdo, a outra não gostava das vistas e decidiu aparecer na sobrancelha esquerda, pudera, haverá melhor vista do que esta… bem se lixou, eu uso óculos, e só não dormi com eles porque, porque.

Desafios: Janeiro vai ser complicado, o foco continua o mesmo, já sei o que me espera, afinal só haviam duas soluções possíveis a nível de tratamento, e se um não resultou, espera-me o outro, tão simples quanto isso.

E por entre um segundo gânglio que vai aparecer junto do outro, e que vai entalar o nervo axilar no meio, por entre medicação daquela que nos deixa todo zonzo para retirar as dores que agora não passam com a medicação normal, janeiro será um mês muito cansativo.

Novas consultas me esperam, dermatologia oncológica, biopsias, hematologia e um novo exame Pet e no meio disso tudo, tempo para me focar bem no que vem a seguir, pois é nessa parte não podemos mesmo descansar.

Cenas dos próximos capítulos: “Oh filha, não vais a bem, vais a mal”

Nota: se alguém souber do paradeiro do pai natal e da fada dos desejos de ano novo, agradecia informações, tenho contas a ajustar com esses dois.

Línfomania - Vinte dias, sete minutos, e o ano nunca mais acaba.

17.06.24, cumplicedotempo

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Como devem perceber pelo tempo que demorei a postar este episódio, não estava com pressa nenhuma de chegar a esta parte, ironias a parte, seguem se então 20 sessões de radioterapia, cada sessão não são mais de 7 minutos, mas minha gente com aquela coisa enfiada na cara, isto mais vai parecer uma eternidade, ora vamos lá ao episódio 13 que isto tem tudo para correr bem.

Estamos em pleno mês de Dezembro, o cúmplice aflito em não apanhar um raio de uma constipação, sim, aquilo dos espirros era mesmo um dilema para a minha cabeça, e os horários iriam ser bem madrugadores, depois de duas/três sessões iniciais as 10 da manhã, foi me proposto o horário das 8h30, que aceitei logo; obviamente isso levava a madrugar e acordar as 6 da manhã, mas gostei para ser sincero, pouco transito e gente nas ruas, viagens rápidas e 9 horas da manhã estava despachado.

Mas obviamente não me safava sem uma aventura, e claro está, tinha que ser logo na primeira sessão, que era para eu ficar ainda menos stressado (sim, eu também stresso as vezes) com isso da máscara.

Ao iniciar a primeira sessão, as auxiliares ao tentar pôr-me a mascara, que tem um encaixe muito especifico, teimavam em meter-me a cara para dentro, algo estava errado, mas elas insistiam que tinha que encaixar, era simplesmente impossível aguentar a pressão que me exercia na cara, e no desespero, levantei-me e disse que não o faria naquelas condições, segue se, que me mandam de volta ao departamento onde tinha feito a máscara, ver o que se passava.

Escusado será dizer que toda esta situação foi uma balde de água fria, para quem como eu, estava tão ansioso por começar a resolver as coisas.

Mas prontos, sou finalmente chamado para voltar a testar a máscara, e surpresa, surpresa, a máscara encaixa a primeira sem qualquer falha, conclusão: cada mascara tem uns pequenos encaixes que servem para ajustar a altura entre a máquina onde estamos deitados e a mesma, esqueceram se de por esses encaixes, ou não os puseram de forma correta... Estou finalmente pronto para iniciar esta coisa, mas hoje já ninguém me tira o stress acumulado.

As próximas sessões são simplesmente, uma máscara chata que me enfiam na cara, salvo raras excepções, aquilo nunca foi muito confortável, mas pelos minutos que demorava, foi tudo uma questão de focar no pouco tempo que o tratamento durava, e o automatismo da máquina era tal, que já sabia pelos barulhos que fazia, o tempo que faltava, ou seja, era fechar os olhos e siga lá dar cabo da dita cuja com raio laser.

Essa radiação no meu caso incide sobre a lesão principal, as pequenas lesões satélites a volta e sobre os gânglios, com o decorrer das sessões vai se perceber que a dita cuja está a passar um mau bocado, mas será que isto vai ser suficiente para a fazer desistir?

Cenas dos próximos capítulos: “Ano velho, Ano novo, desafios, sempre os mesmos.”

Nota: Esta pequena ausência deveu-se ao facto de cá o cúmplice também merecer uma pequena pausa, que isto de ser aventureiro tem que se lhe diga, acreditem.

Línfomania - O Cúmplice, os espirros e a máscara de ferro

01.06.24, cumplicedotempo

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E já estamos no mês de Novembro, consulta marcada com o Dr. J, especialidade “radiologia”. Antes sequer de falar sobre aquele que finalmente ia ser o primeiro tratamento para tentar resolver esta obsessão da dita cuja pelo meu corpo Danone, deixar um conselho:

Se aparentemente parecia ser dentro das opções possíveis o tratamento menos agressivo, e por conseguinte devemos ser grato e até um certo ponto festejar, é ainda mais importante ao longo de todo o processo encontrar um equilíbrio, entre o nunca festejar demasiado, e no caso de as coisas não correrem bem, não entrar demasiado em negatividade. Ver as coisas pela positiva sim, mas saber ter a capacidade de perceber que nestas questões tudo irá depender de demasiados factores para ser algo concreto e absoluto.

Ou seja, vamos nos agarrar aquilo que temos em mão, seja lá isso o que for, e vamos dar o nosso melhor no bom e no menos bom, essa mentalidade é que irá fazer toda a diferença, isso vos garanto.

Pois bem, o Dr. J para além das explicações básicas de como tudo iria funcionar nisso da Radioterapia:

“A radioterapia consiste num tratamento focal, com radiação ionizante, que pode ser administrado através de um equipamento externo (de seu nome acelerador linear) ou através de fontes radioactivas, fontes essas que estarão em contacto directo com o tumor/leito tumoral. A radiação penetra nas células malignas e destrói a sua capacidade de replicação, o que conduz consequentemente à destruição da doença neoplásica.”

Marcou me mais alguns exames, entre eles um TAC, para definir onde iria incidir isso das radiações que a dita cuja ia levar nas bentas (a coisa vai aquecer) mas por falar em bentas, que cá o cúmplice já se estava a excitar, não é que só para não se armar em galifão, calhou-lhe uma surpresa para as famosas bentas, as minhas obviamente.

Sendo que as radiações iam incidir na parte do ombro, e das axilas, existe a necessidade de se usar uma máscara de protecção, e aí até agradeço, oh pá tudo menos me darem cabo do cérebro, mas esta máscara ia ser um cabo dos trabalhos, oh se ia.

Desde a sua elaboração, feita a medida do nosso rosto, em que basicamente nos espetam com um plástico grosso quente na cara, para que ele se formate as feições do nosso rosto enquanto estamos estendidos a fazer o TAC, desconfortável é um elogio, embora aquilo esteja cheio de buraquinhos e depois façam uma abertura na zona do nariz, não se previam grandes alegrias no uso da mesma, a minha primeira pergunta, mas como raio vou eu espirrar nesta coisa, é que os tratamentos estão previstos começarem em Dezembro, vai ser bonito, vai..

Mas prontos logo veremos, 20 sessões marcadas para Dezembro, obviamente repleta de peripécias como não podia deixar de ser.

Cenas dos próximos capítulos: “Vinte dias, sete minutos, e o ano nunca mais acaba”

Nota: Isso dos espirros é coisa séria, fica a nota para imaginarem a coisa, preso naquela máscara.